A velha equação “custo x benefício” não atende mais a necessidade de avaliação de performance nos contratos de prestação de serviço em um mundo BANI (Brittleness, Anxiety, Nonlinearity and Incomprehensibility)

Um dos principais desejos dos clientes é receber serviço de alta performance. Por outro lado, é desafiador para as empresas prestadoras de serviços integrar tecnologias, desenvolver processos e qualificar profissionais para entregar melhores resultados. Tudo isso sem aumentar o valor dos contratos.

Vivemos um legado deixado pela mais recente crise mundial, que ensinou aos contratantes de serviços que o melhor resultado se obtém quando:

  • o OPEX (Operational Expenditure) é igual ou inferior ao existente, e
  • o CAPEX (Capital Expenditure), necessário para implantar as novas soluções, é responsabilidade do parceiro.

As inovações têm que, necessariamente, serem capazes de desempenhar a melhor entrega dos serviços na “ponta da linha”, com acompanhamento em tempo real pelos gestores dos contratos. Nos serviços de segurança além disso, precisamos inovar sem diminuir o nível de proteção e viabilizar sem comprometer novos investimentos.

Nesta complexidade de desejo por inovação, ajuste orçamentário e melhor desempenho operacional, a velha equação custo x benefício não atende mais a avaliação de performance na contratação de serviços.

Atualmente, temos que resolver uma equação direta com cinco elementos: custo x benefício x risco x operação x gestão. Lembrando que na matemática básica qualquer número multiplicado por zero é zero. Portanto, a equação de desempenho deve abordar todos os elementos sob pena de ser ineficaz.

Custo

Esse é, sem sombra de dúvida, o elemento mais valorizado. Até mesmo porque é o mais fácil de tangibilizar. Entretanto, não podemos esquecer que devemos contratar pelo “melhor preço”, que nem sempre pode ser o “menor preço”. É importante contratar a solução que atenda a longo prazo todas as necessidades do negócio. O que parece ser mais barato hoje, pode em um curto intervalo de tempo se tornar obsoleto, oneroso e inadequado.

Benefício

O benefício maior está na contratação de uma solução integrada. Uma vez tendo identificado bem as necessidades, invista um pouco mais de tempo para desenhar uma solução capaz de gerar benefícios reais. Melhoria na entrega dos serviços resulta em benefícios diretos e indiretos, como evitar o retrabalho, aumentar a conveniência e promover múltiplas funcionalidades.

Por exemplo, em segurança, contrate uma solução integrada de recursos humanos (vigilantes), técnicos (sistemas eletrônicos de proteção) e organizacionais (políticas, normas e procedimentos), em detrimento de uma quantidade pré-determinada de postos de vigilantes. O uso do SLA (Service Level Agreement) é uma ferramenta importante para definir os limites do que aceitamos receber e entregar.

Riscos

Poucos compradores e gestores de serviços têm a verdadeira noção dos riscos que assumem ao avaliar de forma errada uma proposta. O maior risco é o impacto na atividade final do negócio e o risco mais comum é o aumento do passivo trabalhista, previdenciário e fiscal decorrente da responsabilidade subsidiária do contratante.

Alguns clientes talvez pensem que já sabem o que eles necessitam e que vai ser sua responsabilidade qualquer discrepância entre o que eles recebem versus o que eles pagam. Por exemplo, no serviço de prevenção e combate a incêndio o papel do bombeiro civil é fundamental para prevenir o risco de incêndio, no lugar de apenas uma apólice de seguro que ao ser acionada provavelmente já causou impacto para o negócio.

Operação

Na operação, faz-se necessário questionar se o que está sendo ofertado é realmente possível de ser executado. É comum a decepção de alguns clientes que contratam serviços “A” e recebem “C”, o antigo ditado popular de “comprar gato por lebre”.

Muitas vezes o que é apresentado como solução não é exequível operacionalmente ou esbarra em questões legais. Com tantas startups oferecendo soluções inovadoras, não se pode abrir mão de realizar uma PoC (Proof of Concept) antes do contrato final.

Temos que testar as novas soluções antes de substituir as existentes, assim como não podemos ficar inertes no meio de uma tempestade de novas tecnologias.

Gestão

Como responsáveis pela gestão dos contratos de serviços, não podemos perder de vista a máxima da administração que diz “só se gerencia o que se mede”.

O uso de SLM (Service Level Management) é de fato uma ferramenta importante para a gestão da performance operacional. Assim como em qualquer relação, profissional ou pessoal, deixar claro o que se deseja é crucial.

Deve haver uma agenda periódica de apresentação dos resultados alcançados e planos de ações para atingir as metas pactuadas.

Por exemplo, em segurança eletrônica, tenha indicadores real time da disponibilidade dos sistemas do seu parque instalado, para não ser surpreendido com a falta de imagem de uma ocorrência em um local coberto por CFTV.

Inovação

Por fim, acreditamos que contratantes e contratadas precisam inovar. A inovação não se resume apenas às novas tecnologias, mas em tudo que possa melhorar o resultado final dos serviços.

A forma de avaliar a performance contratual é também um processo de quebra de paradigma que precisamos superar para obter melhores desempenhos.

Com mais informação do que antes, vamos celebrar novas avaliações de performance dos contratos de serviços baseadas na equação custo x benefício x risco x operação x gestão.

É crucial que cada nova parceria seja tratada não apenas como mais uma compra ou venda, mas como uma oportunidade de elevar o nível de serviço.

Sobre o autor
Michel Pipolo
Diretor do negócio segurança no Grupo GPS, advogado e vice-presidente da ABSEG

Dizem que uma empresa é como um organismo. Ela nasce, cresce, se desenvolve e é capaz de sobreviver às mudanças de ambientes e condições impostas, se adaptando quando necessário. Para estar viva, todos os “órgãos” são fundamentais e precisam cumprir com suas atribuições específicas e de grupo.

E se incumbirmos aos órgãos características dos departamentos da empresa, quem seria o cérebro, os membros, o sistema digestivo e o respiratório? E o circulatório, liderado pelo coração?

Vale lembrar que ele tem o papel vital de enviar sangue rico em oxigênio a todas as células que compõem o organismo. Como qualquer outro músculo do corpo, o coração também necessita receber oxigênio para que funcione adequadamente. Ou seja, é ele que fornece a matéria prima para todo o conjunto trabalhar.

Voltando à analogia: em um negócio da segurança eletrônica, quem poderia assumir o título de “coração da sua empresa”?

Dê atenção ao início do processo

Muitas vezes os gestores buscam o crescimento de suas empresas por meio de estratégias voltadas ao comercial, ao marketing, mas esquecem que tudo começa com a organização interna. Aproveitando a metáfora do organismo, é como ter uma boa aparência, mas estar doente.

Neste segmento, especialmente, a relação com o cliente é tão próxima e sensível que qualquer deslize pode comprometer uma reputação construída ao longo de anos. E como tentar evitar esse desgaste?

Dar atenção às operações que estão diretamente ligadas a ele é uma alternativa. É aí que a Ordem de Serviço começa a adquirir status de “coração da empresa”.

No pulso da estratégia

Conceitualmente a OS é um documento elaborado pela equipe técnica para demandar um serviço a um cliente. Porém, na prática, ela é muito mais abrangente: ela é uma poderosa ferramenta de controle interno para que o gestor tenha total controle das atividades executadas e em execução.

Com o passar do tempo, as tarefas vão, naturalmente, aumentando e se acumulando, tornando praticamente impossível manter esse processo com base somente na comunicação verbal e na capacidade de memorização.

E é essa evolução que faz surgir a necessidade de se registrar sistematicamente as ordens dadas e de adotar um meio mais eficiente de comunicação entre o remetente e o destinatário das tarefas.

É por meio desse documento que se formaliza um trabalho a ser realizado fora ou mesmo internamente na empresa, prestando um serviço a um cliente em especial ou expedindo uma comunicação interna a respeito de uma atividade.

A OS, portanto, além de ser um importante suporte de informações sobre a lista de afazeres a serem desenvolvidas, ainda serve como uma autorização de início dos trabalhos demandados pela atividade em questão.

Check-up

A Ordem de Serviço pode ser apresentada de duas maneiras: na tela do sistema e ou um documento impresso. Em qualquer um desses formatos ela deve conter campos que podem ser personalizados conforme a atividade da empresa.

Porém, outros elementos são essenciais como:

– dados do cliente,
– o número do documento,
– a data em que foi emitida,
– descrição dos processos que devem ser executados ou defeitos apresentados,
– recomendação dos procedimentos e equipamentos a serem utilizados,
– histórico de serviços realizados anteriormente (para facilitar e agilizar a execução das tarefas).


Assertividade

Com as Ordens de Serviço é possível captar dados para a tomada de decisões estratégicas ao identificar, por exemplo, quais os principais problemas que os clientes enfrentam, se esses problemas são comuns em outros clientes e quais foram as soluções adotadas. Analisar esse histórico permite que o gestor atue preventivamente e de forma assertiva economizando tempo e recursos da empresa.

Organização

A OS também tem um papel importantíssimo na organização do trabalho diário da equipe técnica ao definir quais clientes deverão ser atendidos e em qual ordem de prioridade. No quesito desempenho da equipe, ela permite identificar como está a evolução do trabalho e comparar a quantidade de entrega entre os vários técnicos que executam tarefas semelhantes.

Redução

Que tal identificar os níveis de retrabalho da equipe, quais os custos para manter um determinado cliente na base e ter controle das cobranças? A OS é a ferramenta ideal para realizar esse gerenciamento, trazendo resultados importantes para a empresa.

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